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sexta-feira, 19 de junho de 2015

Festas Juninas - por que mesmo elas acontecem?


As festas juninas ocorrem no início do inverno e estão ligadas à história de São João Batista, nascido no dia 24 de junho. Seus pais, Isabel e Zacarias, eram pessoas consideradas justas diante de Deus, e sempre desejaram ter um filho. Mas embora orassem muito, o tempo se passava e seu desejo não se realizava.  Um belo dia um anjo apareceu para Zacarias dizendo: "Sua mulher Isabel dará à luz um menino, ao qual você dará o nome de João. Ele virá para vocês porque - como vocês - ele deseja servir o filho de Deus. João será o divino mensageiro do filho de Deus e virá antes dele." 

Isabel e Maria eram primas e logo esta soube que Isabel estava esperando um bebê. Maria ficou muito feliz, mas por morar longe dali e pelas dificuldades de comunicação, ficou apreensiva pois gostaria de receber a notícia do nascimento logo que este se concretizasse. Isabel decidiu então, que uma grande fogueira seria acesa e um mastro seria erguido para que a prima recebesse o recado. Passado algum tempo, tudo ocorreu conforme haviam combinado. Maria avistou os sinais e compreendeu a feliz mensagem.

Por isso, a época de São João passou a ser comemorada desta forma, através de fogueiras, mastros e fogos, além de danças e diversas atividades típicas. A fogueira é também simbolizada pela oportunidade da humanidade queimar tudo aquilo que não serve mais, abrindo espaço para o novo que ilumina e traz transformações. Essa fase pede uma conscientização mais universal e menos pessoal, baseada na percepção de que somos parte do Universo Cósmico. É uma festa que clama pelo olhar do ser humano aos céus, nos lembrando que somos um tesouro escondido,  e que vivemos como semente mas ainda temos muito o que crescer para que nosso potencial se realize. Somos muito pouco perto de tudo o que somos capazes de ser, por isso os anjos e todo o céu esperam pela nossa maturação.

A mensagem que João Batista deixou aos seus seguidores é a seguinte: “Mudem seus corações e suas mentes, para se prepararem para o grande evento que está por vir; precisam verdadeiramente mudar a direção dos seus pensamentos e sentimentos!” Vemos, portanto, que há muitos anos a necessidade de mudanças internas foi anunciada... E cabe a cada um de nós refletir se estamos caminhando rumo a um posicionamento mais consciente ou se estamos acomodados simplesmente vendo a vida passar. Como disse Dalai Lama: “O ser humano vive como se não fosse morrer e morre sem ter vivido.” Será realmente este o exemplo que devemos dar aos nossos filhos?

As crianças ficam encantadas com as comemorações dessa época. Nunca é demais lembrar que elas vivem essa atmosfera de maneira inconsciente, pois toda essa simbologia está impregnada em seu ser. As histórias e as cantigas típicas são repletas de profundo significado e ao compartilharmos com os pequenos, oferecemos também calor e aconchego, pois eles sentem coerência entre aquilo que vivenciam internamente e aquilo que lhes é apresentado através do mundo.


Balões de Luz
(Ruth Salles)

Aqui,

Na noite antiga de garoa e frio fino,
Subiam balões de luz

Em honra do primo de Jesus,
São João Menino.

E em nosso coração
Cada balão,

Subindo rápido e em linha reta,
Era o próprio João Menino,

Se transformando em João Profeta.

Era o profeta

Que parecia o clarão da madrugada,
Antecedendo a chegada

Do grande Sol nascente, da maior luz:
O Cristo Jesus.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Festa da Lanterna - o que é isso?


Essa é uma pergunta comum que pais de alunos Waldorf escutam quando convidam seus familiares para irem à Festa da Lanterna na escola de seus filhos. E por ser uma celebração tão especial, merece ser integralmente compreendida por quem se interessar...

A Festa da Lanterna é uma linda e delicada comemoração de origem europeia, que hoje é tradicionalmente celebrada em todos os jardins de infância das Escolas Waldorf, na época que antecede as festas de São João.

Seu simbolismo é claramente expresso na história da menina da lanterna, que vale a pena ser lida!


Seus personagens passam por diversas situações que ilustram o caminho de autoconhecimento que cada um percorre em sua vida através da busca pela luz interior. Uma nova consciência que provoca transformações profundas e só pode ser realmente plena quando compartilhada para o bem de todos.

A chegada do inverno traz uma sensação de frio quando nos referimos ao meio ambiente, mas em contrapartida também pode nos remeter a uma atmosfera de calor interno ao observarmos o movimento introspectivo que essa estação nos propõe. É justamente nessa época que a festa da lanterna acontece. Por isso, as crianças não precisam compreender racionalmente o significado da comemoração, lhes cabe apenas sentir a quietude que a natureza traz e ao mesmo tempo vivenciar inconscientemente e livre de conceitos, a magia desse momento através de músicas, contos e atividades típicas. Quanto menor a criança, mais sutis deverão ser os gestos de pais e professores, desadormecendo suavemente aquilo que vive em estado latente na alma humana, e espera ser despertado.

Na história, cada passagem ilustra um momento no percurso do desenvolvimento pessoal, conforme será explanado a seguir. 

A personagem principal é uma menina que caminha segurando uma lanterna, e logo no início é surpreendida pelo vento que apaga sua luz. Esse momento simboliza a necessidade do ser humano iniciar um caminho de autoconhecimento a fim de reencontrar-se com sua luminosidade interior.

À medida que segue seu caminho depara-se com diversos animais, os quais representam nossos instintos básicos que precisam ser dominados com o propósito de acordarmos para além do mundo material que nos cerca.

Em seguida, as estrelas, canal cósmico entre os homens e a sabedoria plena, a aconselham transmitindo coragem para que a menina siga sua peregrinação.

Logo ela estará defronte aos três princípios básicos que regem a nossa vida: o pensar, o querer e o sentir. Respectivamente simbolizados pela velha que tece o fio do pensamento, o sapateiro que com sua força de vontade e ação nos mantém com os pés no chão e a criança da bola que vivencia o mundo através da liberdade de seus sentimentos. Embora a menina solicite a ajuda de ambos, estes também lhe negam auxílio.

Ela decide então continuar sozinha, mas por estar muito cansada acaba adormecendo. Os vários "nãos" que recebe ao trilhar seu caminho representam uma escolha solitária que exige coragem e persistência. Quando então desperta, percebe que sua lanterna está acesa e fica muito feliz. Tal postura reflete o movimento de entrega a um plano maior, pois somente através da fé podemos nos reencontrar com nosso potencial interior.

A menina inicia alegremente seu retorno. Quando caminha de volta, vai revendo cada um daqueles com quem se deparou na ida e devido à transformação e ao crescimento, provenientes da sua iluminação, oferece auxílio a cada um deles; o que denota que todo processo de desenvolvimento só é válido quando compartilhado com os demais. Sua doação ao iluminar o caminho, inclusive dos animais, mostra que reconhece seus instintos e é capaz de dominar seu mundo interior.


No dia da festa na Escola Waldorf de São Paulo, os alunos do Ensino Médio apresentam a peça da “Menina da Lanterna” para as crianças da Educação Infantil, pais e demais convidados. Logo em seguida os pequenos buscam suas lanternas, confeccionadas carinhosamente por eles e seus pais, e fazem um passeio pela escola cantando lindas canções da época. Quando as crianças aparecem é difícil perceber se o que brilha mais são seus olhinhos cheios de orgulho ou suas lindas lanternas à luz de vela. Afinal de contas, é motivo de muito entusiasmo participarem de uma festa à noite, sendo muitas vezes a primeira festinha ao luar de cada um!

Eu vou com minha lanterna
 (música)

Eu vou com minha lanterna
E ela comigo vai
No céu brilham estrelas
Na terra brilhamos nós

A luz se apagou
Pra casa eu vou
Com minha lanterna na mão

Minha luz vou levando
Sempre dela cuidando
Se alguém precisar
Dela posso lhe dar